Empreendedor é o termo que refere-se à pessoa que detém uma forma especial, inovadora, de se dedicar às atividades de organização, administração, execução; principalmente na geração de riquezas, na transformação de conhecimentos e bens em novos produtos – mercadorias ou serviços; gerando um novo método com seu próprio conhecimento. É o profissional inovador que modifica, com sua forma de agir, qualquer área do conhecimento humano. Também é utilizado – no cenário econômico – para designar o fundador de uma empresa ou entidade, aquele que construiu tudo a duras custas, criando o que ainda não existia.
A palavra empreendedor (entrepreneur ) surgiu na França por volta dos séculos XVII e XVIII , com o objetivo de designar aquelas pessoa ousadas que estimulavam o progresso econômico, mediante novas e melhores formas de agir. Foi ainda pelo século XVII que ocorreram os primeiro indícios de relação entre assumir riscos e empreendedorismo. O empreendedor estabelecia um acordo contratual com o governo realizar algum serviço ou fornecer produtos. Richard Cantillon, importante escritor e economista do séc. XVII , é por muitos considerado um dos criadores do termo empreendedorismo , tendo sido um dos primeiros a diferenciar o empreendedor ( aquele que assume riscos ) , do capitalista ( aquele que fornecia o capital ).
No século XVIII o capitalista e o empreendedor foram finalmente diferenciados, provavelmente devido ao início da industrialização que ocorria no mundo, através da Revolução Industrial.
Entretanto, foi o economista francês Jean-Batiste Say, que no início do século XIX conceituou o empreendedor como o indivíduo capaz de mover recursos econômicos de uma área de baixa para outra de maior produtividade e retorno.
No final do séc. XIX e início do séc. XX os empreendedores foram frequentemente confundidos com os administradores ( o que ocorre até os dias atuais ), sendo analisados meramente de um ponto de vista econômico, como aqueles que organizam a empresa, pagam empregados, planejam, dirigem e controlam as ações desenvolvidas na organização, mas sempre a serviço do capitalista.
A palavra empreendedorismo foi utilizada pelo economista Joseph Schumpter em 1950 como sendo uma pessoa com criatividade e capaz de fazer sucesso com inovações. O empreendedor é o indivíduo que reforma ou revoluciona o processo “criativo-desrutivo” do capitalismo , por meio do desenvolvimento de uma nova tecnologia ou do aprimoramento de uma antiga – o real papel da inovação. Esses indivíduos são os agentes de mudança na economia. Mais tarde, em 1967 com Keneth E. Knight e em 1970 com Peter Drucker foi introduzido o conceito de risco: uma pessoa empreendedora precisa arriscar em algum negócio. Empreendedores são aqueles que aproveitam as oportunidades para criar as mudanças. Os empreendedores não devem se limitar aos seus próprios talentos pessoais e intelectuais para levar a cabo o ato de empreender, mas mobilizar recursos externos, valorizando a intrdisciplinaridade do conhecimento e da experiência, para alcançar seus objetivos. E em 1985 com Gifford Pinchot foi introduzido o conceito de Intra-empreendedor, uma pessoa empreendedora, mas, dentro de uma organização.
O conceito de empreendedorismo está também muito relacionado aos pioneiros da alta tecnologia do Vale do Silício, na Califórnia. O Babson College tornou-se um dos mais importantes pólos de dinamização do espírito empreendedor com enfoque no ensino de empreendedorismo na graduação e pós-graduação, com base na valorização da oportunidade e da superação de obstáculos, conectando teoria com a prática, introduzindo a educação para o empreendedorismo através do currículo e das atividades extracurriculares. É notória a atual ênfase dada ao empreendedorismo e a inovação como temas centrais nas melhores universidades norte-americanas.
Uma das definições mais aceitas hoje em dia é dada pelo estudioso de empreendedorismo, Robert Hirsch, em seu livro “Empreendedorismo”. Segundo ele, empreendedorismo é o processo de criar algo diferente e com valor, dedicando tempo e o esforço necessários, assumindo os riscos financeiros, psicológicos e sociais correspondentes e recebendo as conseqüentes recompensas da satisfação econômica e pessoal.
A satisfação econômica é resultado de um objetivo alcançado ( um novo produto ou empresa, por exemplo ) e não um fim em si mesma.
Empreendedorismo é o principal fator promotor do desenvolvimento econômico e social de um país.
O PERFIL DO EMPREENDEDOR
Estudos mostram que as características do empreendedor ou do espírito empreendedor, da indústria ou da instituição, não é um traço de personalidade. Para Meredith, Nelson e Nech “ Empreendedores são pessoas que têm a habilidade de ver e avaliar oportunidades de negócios; prover recursos necessários para pô-los em vantagens; e iniciar ação apropriada para assegurar o sucesso. São orientadas para a ação, altamente motivadas; assumem riscos para atingirem seus objetivos”.
O empreendedor tem um novo olhar sobre o mundo à medida que presencia a evolução. Valoriza suas experiências, valoriza seu valor, tomando decisões, e decisões acertadas. Abre novas trilhas, explora novos conhecimentos, define objetivos e dá o primeiro passo.
Hoje fala-se do “Capital intelectual “ que nada mais pé do que: conhecimento, experiência, especialização. Ferramentas ou estratégias utilizadas para se ter sucesso e ser competitivo. A mão de obra passa a ser cabeça-de-obra. É o conhecimento e a capacidade gerando novas idéias. O foco está nas pessoas. Assim, o perfil do profissional de sucesso que lidera suas concepções e suas atitudes está em pessoas que conseguem harmonizar esforços individuais ou coletivos e que criam algo novo e criativo.
Segundo Leite , nas qualidades pessoais de um empreendedor, entre muitas, destacam-se:
a) iniciativa ; b) visão ; c) coragem ; d) firmeza ; e) decisão ; f) atitude de respeito humano ; g) capacidade de organização e direção.
Traçar metas, atualizar conhecimentos, ser inteligente do ponto de vista emocional, conhecer teorias de administração, de qualidade e gestão, são mudanças decorrentes da globalização e da revolução da informação. O empreendedor deve focalizar o aprendizado nos quatro pilares da educação : aprender a conhecer , aprender a fazer, a prender a conviver e aprender a ser, e com isso , ser capaz de tomar a decisão certa frente à concorrência existente. Novas habilidades vem sendo exigidas dos profissionais para poderem enfrentar a globalização com responsabilidade, competência e autonomia. Buscam-se profissionais que desenvolveram novas habilidades e competências, com coragem de arriscar-se e de aceitar novo valores, descobrindo e transpondo seus limites.
Hoje exige-se uma reflexão sobre habilidades pessoais e profissionais, criatividade, memória, comunicação, etc. Diferenciar-se, revalidar-se, rever convicções, incorporar outros princípios, mudar paradigmas, sobrepor idéias antigas às novas verdades, este é o perfil do profissional que, trocando informações, dados conhecimentos poderá fazer parte do cenário das organizações que aprendem, das organizações do futuro. São mudanças socioculturais e tecnológicas que fazem repensar hábitos e atitudes frente às novas exigências do mercado.
Para conquistar autonomia profissional é preciso ser perseverante, determinado, e aprendiz, flexível e ter ainda positividade , organização , criatividade , inovação e foco .
Essa qualidades ajudam a vencer a competitividade dos tempos modernos. Pela experiência pode-se afirmar que a maioria das pessoas, se estimuladas, podem desenvolver habilidades empreendedoras. Ouve-se e fala-se que o empreendedor precisa ter visão. Visão pessoal. Uma visão que vem de dentro. A maioria das pessoas tem pouca noção da verdadeira visão, dos níveis de significado. Metas e objetivos não são visão. Ser visionário é imaginar cenários futuros, utilizando-se de imagens mentais. Ter visão é perceber possibilidades dentro do que parece ser impossível. É ser alguém que anda, caminha ou viaja para inspirar pensamentos inovadores.
Esse enfoque se volta à disposição de assumir riscos e nem todas as pessoas tem esta mesma disposição. Não foi feito para ser empreendedor quem precisa de uma vida regrada, horários certos, salário garantido no fim do mês. O empreendedor assume risco e seu sucesso está na “ capacidade de conviver com eles e sobreviver a eles” (Degen).
Gerber apresenta algumas diferenças dos três personagens que correspondem a papéis organizacionais, quais sejam:
a) o Empreendedor, que transmuta a situação mais trivial em uma oportunidade excepcional, é visionário, sonhador; o fogo que alimenta o futuro; vive no futuro, nunca no passado e raramente no presente; no negócio é o inovador, o grande estrategista, o criador de novos métodos para penetrar nos novos mercados.
b) O Administrador, que é pragmático, vive no passado, almeja ordem, cria esquemas extremamente organizados para tudo;
c) O Técnico, que é o executor , adora consertar coisas, vive no presente, fica satisfeito do fluxo de trabalho e é um individualista determinado.
E segundo Gerber estes três personagens estão em eterno conflito, e ao menor descuido o técnico elimina o visionário, o sonhador, o personagem criativo que está sempre lidando com o desconhecido. Os riscos fazem parte de qualquer atividade, sendo necessário aprender a administrá-los, pois ele são um dos fatores mais importantes que inibem o surgimento e novos empreendedores. Um outro fator inibidor é o “capital social” que são valores e ideias que sublimemente nos foram incutidos por nossos pais professores, amigos e outros que influenciaram na nossa formação intelectual e que, inconscientemente, orientam nossas vidas.
Desta forma, um pai engenheiro, desperta no filho o ideal de seguir a mesma carreira ; militares, piloto, esportistas, até pessoas que raramente vão vislumbrar ou ter interesse numa carreira de empreendedor exercem sua influência na formação das pessoas. É de se considerar porém que a avaliação mais objetiva do preparo para empreender é a percepção que a pessoa tem se si própria, refletindo na sua autoconfiança. Com o potencial empreendedor também isso acontece. O que se aprende na escola, nas pesquisas, nas observações, vai se acumulando. O preparar-se para ser empreendedor, portanto, inicia-se com o domínio que se tem sobre tarefas que se fazem necessárias, o próprio desenvolvimento da capacidade de gerenciamento. O que falta na verdade é motivação para uma tomada de decisão para se tornar um empreendedor.
Os processos de decisões nem sempre são simples, objetivos e eficientes como deveriam ser pois, pois se a intuição está de um lado, a análise racional está do outro.
Cohen relata oito etilos de decisão:
O intuitivo – Tenta projetar o futuro, com perspectiva a médio e a longo prazo, imaginando o impacto dessa ação.
O planejador – situa-se onde está e para onde se deseja ir, com planejamento e tendo um processo de acompanhamento, adequando à realidade sempre que for necessário.
O perspicaz – diz que além da percepção é necessário conhecimento.
O objetivo – Sabe qual o problema a ser resolvido.
O cobrador – tem certeza das informações, vê a importância de medir e corrigir quando o resultado não foi o decidido.
O mão-na-massa – envolve-se pessoal e diretamente , acredita em grupos para estados multidisciplinares.
O meticuloso – junta opiniões de amigos, especialistas, funcionários, tentando se convencer da solução a encontrar.
O estrategista – decide cumprir sua estratégia de crescimento, tendo percepção do que resolver. Diagnostica o problema para encontrar a solução e sua solução com eficácia.
A decisão é de cada um. Interagir, refletir, deixar a cada um o momento de uma descoberta e desenvolvendo habilidades específicas para o sucesso da sua escolha é de responsabilidade única e exclusiva. As características comuns que se encontram no empreendedor que fez uma escolha , tanto nas universidades como na sociedade, são difíceis para listar com precisão, porém diferentes autores chegaram a algumas conclusões. Elas dizem respeito às necessidades, conhecimento, habilidades e valores.
Para Lezana essas são as necessidades que se referem a conhecimentos:
Aspectos técnicos relacionados a negócios ; experiência na área comercial ; escolaridade ; formação complementar ; experiência em organizações ; vivência com situações novas.
Quanto às necessidades que se referem aos valores, Empinotti argumenta que são: existenciais, estéticos, intelectuais , morais e religiosos. Porém, no contexto empresarial essas características podem se desenvolver e atuar de forma positiva e negativa. É a personalidade do empreendedor que fará o impacto decisivo para o sucesso.
EXERCÍCIO
1) O que designa empreendedorismo ?
2) A que tipo de pessoa se refere o termo empreendedor?
3) Que tipo de profissional é o empreendedor ?
4) No cenário econômico o que designa o termo empreendedor?
5) Onde e quando surgiu a palavra empreendedor, e o que designava?
6)Qual relação havia entre empreendedor e o governo nesse tempo ?
7)Qual difereça entre o empreendedor o capitalista Richard Cantilon estabeleceu ?
8) Como conceituou o empreendedor Jean-Batiste Say no início do século XIX ?
9) Como são analisados os empreendedores, confundidos com os administradores?
10) Como foi utilizada a palavra empreendedorismo por Joseph Schumpter em 1950 ?
11) Para Joseph Schumpter, que indivíduo é o empreendedor?
12) Qual a visão do empreendedor para Keneth F. Knight e Peter Ducker ?
13) O que é um intra-empreendedor ?
14) A quem o conceito de empreendedorismo está também muito relacionado ?
15) Fale sobre o Babson College e sua relação com o empreendedorismo.
16) Que relação existe entre empreendedorismo e as melhores universidades americanas?
17)Qual é a definição de empreendedorismo de Robert Hirsch ?
18) O que são empreendedores para Meredith, Nelson e Nech ?
19) O que é “Capital Intelectual “ ? Qual a sua importância ?
20) Quais são as qualidades pessoais de um empreendedor, segundo Leite ?
21 Quais são as mudanças decorrentes da globalização e revolução da informação ?
22) Quais são os quatro pilares da educação em que o empreendedor deve focalizar o aprendizado ?
23) Quais atitudes compõem o perfil do profissional das organizações do futuro ?
24) O que é preciso ser e ter para conquistar autonomia profissional ?
25) Explique a visão que o empreendedor precisa ter para conquistar autonomia profissional. Que visão é essa?
26) Fale um pouco da cada personagem que correspondem a papéis organizacionais segundo Gerber apresenta.
27)O que é “Capital Social “ ?
28) Quais são os oito estilos de decisão relatados por Cohen ?
29) Quis são as necessidades que se referem a conhecimentos , segundo Lezane ?
30) Quais são as necessidades que se referem a valores, segundo Empinotti?
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